Salário ilegal: MP quer tornar vereadores de Itapetinga réus por crimes contra o erário público

Salário ilegal: MP quer tornar vereadores de Itapetinga réus por crimes contra o erário público

Ação do Ministério Público contra vereadores de Itapetinga visa pedir à justiça bloqueio de bens e afastamento da Mesa Diretora.

Salário ilegal: MP quer tornar vereadores de Itapetinga réus por crimes contra o erário público
Plenário da Câmara Municipal de Itapetinga.

O Ministério Público da Bahia está em fase de conclusão de uma ação contra todos os vereadores da Câmara Municipal de Itapetinga por crimes de responsabilidade e penal por deliberadamente em 2023 terem reajustado seus próprios salários infligindo as legislações vigentes para prover uma atualização salarial de 25% que fez os subsídios dos parlamentares saltarem de R$ 8 mil para 10 mil reais. A lei só permite aumento de uma legislatura para outra.

A ação do MP contra vereadores de Itapetinga é proveniente de provocação feita através de uma denúncia anônima em abril deste ano. O IDenuncias havia publicado com exclusividade as solicitações de informações feita órgão baiano a Câmara de Itapetinga sobre a lei municipal e sua tramitação que permitiu um atípico reajuste nos próprios salários dos vereadores.

Na peça acusatória do MP deve citar crimes de responsabilidade, que são ilícitos de caráter político-administrativas, cujas penas são a perda do mandato e a suspensão dos direitos políticos. A infração é de natureza administrativa e não penal.

Mas, o crime penal deve estar na denúncia do MP contra vereadores de Itapetinga por ‘peculato-desvio’ puni o funcionário público que, em razão do cargo, tem a posse de bem público, e se apropria ou desvia o bem, em benefício próprio ou de terceiro. Está descrito no artigo 312 do Código Penal, que prevê pena de prisão de 2 a 12 anos e multa. Além de peculato outros crimes penais estarão na denúncia.

Prefeito Hagge escancara golpe dos vereadores de Itapetinga após vetar reajuste secreto nos salários
Prefeito Hagge escancara golpe dos vereadores de Itapetinga após vetar reajuste secreto nos salários (VEJA AQUI)

De acordo com Fonte do MP baiano, a lei municipal nº 1.572/2023, deixou um rastro de ilegalidade dos vereadores de Itapetinga, da tramitação a aprovação no plenário do Legislativo municipal até a derrubada do veto do prefeito de Itapetinga em votação relâmpago que infligiu normas internas da própria Casa Legislativa.

O MP encontrou fortes indícios de manipulação para aprovação da Projeto de Lei (PL) do reajuste dos vereadores em plenário através de imagens gravadas na sessão do dia 4 de janeiro 2023 ao constar a inexistência da PL para tramitar e ser votada em plenário. Como também, a absoluta falta de transparência na tramitação da proposta sem existência de parecer jurídico que possa embasar a legalidade da proposta, o que deixa claro, a intenção dos vereadores de se apropriar indevidamente do dinheiro público ao derrubar o veto do prefeito em sessão relâmpago proibida pelo Regimento Interno da Casa para garantia do novo salário.

O Ministério Público deve classificar a lei 1.572/2023, de esdrúxula por permitir que vereadores se apoderem do dinheiro público em uma lei feita sob medida para eles mesmo. Como na ‘grosseira’ e flagrante ilegalidade na reposição salarial que permitiu os vereadores acumularem 5 anos inflacionários de uma legislação que só permite os últimos 12 meses conforme entendimento da Supremo Tribunal Federal (STF) e recomendações expressa do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia (TCM).

O MP encontrou diversos vícios de legalidade. A começar como salário dos vereadores só pode ser fixado na legislatura anterior para vigorar na próxima legislatura. "No caso, verifico que a Lei 1.572/2023 promoveu alteração no valor remuneratório dos vereadores com efeitos na mesma legislatura (2021/2024), o que viola o princípio constitucional", deve afirmar ação do Ministério Público.

Com a denúncia praticamente finalizada contra os vereadores, o MP que havia debruçado sobre que medidas penais e de responsabilidade, irá recair sobre os parlamentares, deve pedir à justiça decretação da indisponibilidade dos bens dos vereadores como garantia da devolução do dinheiro público e o afastamento dos que integram a Mesa Diretora de seus cargos à frente da Câmara Municipal, como também, a inconstitucionalidade na lei municipal que permitiu o reajuste.

A possível denúncia do MP contra os parlamentares itapetinguense pode sofre mudanças na medida em que apareça novos elementos que contribua para entendimento estratégico na acusação dos promotores públicos.

O certo, é que a conta da farra salarial começa a chegar para os vereadores de Itapetinga.