Estelionato e a subserviência descarada dos vereadores de Itapetinga

Vereadores viram fantoches de Eduardo Hagge: oposição se desmancha, eleitores são traídos, e só um resiste à vergonha generalizada.

Estelionato e a subserviência descarada dos vereadores de Itapetinga
Imagem da posse do prefeito de Itapetinga e vereadores no plenário da Câmara Municipal de Itapetinga.

A política itapetinguense atingiu um novo patamar de degradação. O que era para ser um Parlamento autônomo, fiscalizador e representante da vontade popular, transformou-se em mera extensão do gabinete do prefeito Eduardo Hagge (MDB). A submissão é tamanha que os vereadores não apenas abaixam a cabeça, mas se arrastam por migalhas do Executivo, traindo quem os elegeu.

O maior estelionato político recente foi consumado quando seis vereadores eleitos pela oposição, supostamente contra o clã Hagge, desintegraram-se como açúcar em água. Tiquinho Nogueira (PSD), Sibele Nery (PT), Daniel Lacerda (Podemos) e Sol dos Animais (Solidariedade) protagonizaram uma das maiores vergonhas da história local: venderam-se ao prefeito em troca de cargos, pisando no voto de quem acreditou neles como agentes de mudança.

A vereadora Sol dos Animais, em especial, aplicou um duplo golpe: além de abandonar a oposição, traiu seus próprios colegas na eleição para a presidência da Câmara, virando a casaca no momento decisivo. E não para por aí. Diego Rodrigues (PSD), outro que se dizia opositor, agora flerta descaradamente com Eduardo Hagge, buscando uma "boquinha" extra.

Com essa debandada, restou apenas um resistente vereador: Sidinei do Sindicato (PSD), que, sozinho, honra o mandato e a vontade das urnas. Enquanto isso, os governistas Manu Brandão (MDB), Anderson da Nova (União Brasil), Neto Ferraz (PDT), Peto (MDB), Valquírio Lima (MDB), Tarugão (MDB), Tele (MDB), Pastor Jean Doriel (PL) e o presidente Luciano Almeida (MDB) agem como serviçais do prefeito, capazes de mandar os eleitores para o "raio que o parta" para defender os interesses do clã.

Como no polêmico caso da troca do nome do bairro Quintas do Sul para 'Zito Gome', sogro do atual prefeito Eduardo Hagge. Em um ato de subserviência política vergonhosa, os vereadores capricharam na lambança: ignoraram solenemente um abaixo-assinado com mais de 3 mil assinaturas dos moradores que rejeitavam a mudança e, num desplante de autoritarismo municipal, cederam às pressões da Prefeitura para agradar a então primeira-dama Zezé Hagge. Foi um verdadeiro tapa na cara da comunidade: não apenas viraram as costas aos legítimos anseios populares, como ainda impuseram, de forma antidemocrática, a vontade do clã Hagge sobre os cidadãos que ali vivem. Um retrato perfeito de como o poder, em mãos erradas, distorce até mesmo a identidade de um bairro para servir a interesses particulares.

Cena patética, porém, previsível: o vereador Eliomar Barreira, o Tarugão, depois de ser traído por Eduardo Hagge na eleição interna da Câmara de Itapetinga, onde liderava uma chapa à presidência, acabou derrotado pela intervenção do prefeito, ele não perdeu tempo em trocar a dignidade por um abraço no mesmo gestor que o humilhou.

Antes da derrota amarga, Sol dos Animais aceitou a barganha do prefeito e deixou o colega na mão. E qual foi a reação de Tarugão? Correr para se reconciliar com o poder, como um vira-lata que, mesmo apanhando, volta abanando o rabo. O gesto teatral de "tá tudo de boa" de Tarugão não enganou ninguém, muito menos o prefeito, que, aliás, já deixou claro que não confia no vereador.

A pergunta que fica é: até quando a população de Itapetinga aceitará ser feita de trouxa? Os vereadores eleitos em 2024 aplicaram um golpe no eleitorado, traíram seus discursos e agora riem da cara de quem os colocou no poder. Quando os itapetinguenses vão acordar e frear essa farsa? Enquanto o povo se calar, o estelionato político continuará sendo a moeda mais valiosa na terra dos Hagge.

É traições, e vida que segue...