De 'emprego garantido' a 'explicação inventada'. A conta deve chegar para vereadores e prefeito de Itapetinga, e o eleitor não vai deixar barato.
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Vice-prefeito e prefeito de Itapetinga Alécio Chaves (PSB) e Eduardo Hagge (MDB), na campanha eleitoral de 2024. |
"Eu sei o que vocês fizeram na eleição passada." Se fosse um filme, essa frase abriria o trailer de um suspense político com direito a reviravoltas, porta batendo na cara e o tradicional grito indignado de um eleitor traído. Mas não é ficção, é o clima tenso que já se instala nas ruas de Itapetinga, onde eleitores se preparam para a verdadeira temporada do acerto de contas com os políticos que, em 2024, prometeram empregos como quem distribui balas em porta de escola.
Sim, prometeram. E muito. Até quem sequer se elegeu entrou na onda das “vagas garantidas”. Agora, prestes a baterem novamente nas mesmas portas para pedir votos para seus deputados estaduais e federais, os personagens dessa novela terão que encarar o capítulo mais temido: o reencontro com o eleitor enganado.
E engana-se quem acha que isso será tranquilo. Nos bastidores políticos, já se fala que o estoque de “óleo de peroba”, aquele velho aliado dos rostos mais cínicos, pode entrar em colapso no mercado local. Afinal, será necessário muito brilho na cara para justificar promessas de empregos que nunca chegaram nem perto do contracheque.
Durante o primeiro semestre deste ano, sondagens em bairros da cidade apontaram um fenômeno: a eleição de 2024 entrou para a história como o grande festival da “vaga mágica”. Eram promessas para todos os gostos de emprego fantasma [receber sem trabalhar] e auxilia de serviços gerais garantido na Prefeitura, para isso só bastava o eleitor confirmar o voto.
Candidato Rodrigo Hagge e o desafio dos 3 mil excluídos pela gestão Eduardo Hagge (Click Aqui)
Mas se os candidatos ao legislativo municipal abusaram da criatividade nas promessas, a situação do lado governista foi digna de superprodução. O então prefeito Rodrigo Hagge, empenhado em eleger o tio, Eduardo Hagge e seus auxiliares, prometeram tanto emprego que, se fosse cumprir, teria que abrir pelo menos cinco prefeituras paralelas só para comportar a demanda. A máquina pública, no apagar das luzes do limite da restrição eleitoral, já havia sido inflada com mais de 3 mil contratados temporários, muitos sob juras de estabilidade num eventual “governo do tio”.
Agora, o elenco está prestes a se reunir para uma nova temporada eleitoral, desta vez em busca de votos para os seus candidatos a deputado. Só que o roteiro mudou: os eleitores estão mais atentos, mais críticos e, em muitos casos, bem irritados.
A expectativa é de cenas fortes nas ruas de Itapetinga, com reencontros explosivos entre quem prometeu e quem esperou sentado. Alguns suplentes de vereador já ensaiam discursos de "fiz o que pude", enquanto outros apostam na clássica estratégia do “quem prometeu foi o outro”.
O certo é que, desta vez, o povo parece menos disposto a cair na mesma ladainha. E os palanques que sustentaram as promessas de ontem podem virar tribunais populares no calor das campanhas que se aproximam.
Preparem-se: em Itapetinga, a política ganhou roteiro de drama, suspense e um toque necessário de comédia involuntária.
É demagogia, é vida que segue...
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