Prefeito de Itapetinga arrisca ter contas rejeitadas por gastos excessivos com folhas de pagamentos nas contratações de novos aliados políticos.
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Prefeito de Itapetinga, Eduardo Hagge (MDB), usa a prefeitura como máquina para atrair apoio político. |
O prefeito de Itapetinga, Eduardo Hagge (MDB), navega em águas turbulentas e, parece, teima em não enxergar o iceberg à frente. Fontes bem posicionadas dentro da própria Prefeitura sussurram, com crescente alarme, que o gestor de primeiro mandato caminha a passos largos para ter suas contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-BA). O motivo? Uma combinação explosiva de irresponsabilidade fiscal e miopia política, com ingredientes de nepotismo e empreguismo.
O cerne da questão, caro leitor, reside na farra com o dinheiro público. A folha de pagamento do Executivo itapetinguense já devora assustadores 62,31% da Receita Corrente Líquida, ultrapassando com folga o limite de 54% estabelecido com rigidez pela Lei de Responsabilidade Fiscal. E a projeção é que este número escandaloso seja ainda maior até o final de agosto. A conta não fecha, e o TCM já emitiu seus alertas. Para evitar a reprovação das contas, um raro e severo revés para um gestor de primeira viagem, Eduardo precisará promover cortes, muito provavelmente demissões a partir de outubro. Uma herança maldita para qualquer administração.
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Mas como se chegou a esse descalabro? As raízes remontam à passagem de Zezé Hagge, ex-mulher do prefeito, pela Secretaria de Ação Social. Porém, ao contrário do que se possa imaginar, o problema não foi a quantidade, mas a qualidade das contratações que se seguiram. Enquanto na gestão de seu antecessor e agora desafeto, Rodrigo Hagge, os contratados recebiam entre um e dois salários mínimos, Eduardo Hagge decidiu elevar o patamar. Criou uma elite de “contratados emergenciais” e de “confiança” com vencimentos nababescos entre R$ 5 mil e R$ 7,5 mil. Um festival de altos salários para abrigar apadrinhados.
Aqui, a trama política se entrelaça com a irresponsabilidade fiscal. A base aliada do prefeito rachou. Boa parte dos vereadores migrou para o campo do deputado federal Antônio Brito (PSD), em oposição ao candidato do prefeito, Jayme Vieira Lima (MDB), primo dos notórios ‘mãos leves’ Geddel e Lúcio Vieira Lima. Perdendo o Legislativo, a estratégia de Eduardo Hagge foi tão óbvia quanto ineficaz: abrir as portas do erário para comprar apoio. A administração passou a incorporar aliados da oposição com cargos de confiança generosamente remunerados, muitos deles sem o menor respaldo legal.
O recente caso de nepotismo, que obrigou o Ministério Público de Itapetinga a recomendar a exoneração de parentes do prefeito, de vereadores e de secretários, é apenas a ponta de um iceberg de descontrole. É a farra do empreguismo em sua forma mais pura e perversa.
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O cenário, portanto, é mais do que preocupante; é crítico. A leniência do TCM com gestores novatos, que normalmente aplica multas e ressalvas para infrações iniciais, não se estende a quem insiste em ultrapassar os limites intransponíveis da LRF. Se o prefeito continuar sua ofensiva contra a Câmara de aliados, hoje, "Persona Non Grata" e ignorar a legislação, a reprovação de suas contas torna-se inevitável. E aí, meus caros, o pesadelo se completa: com a provável rejeição das contas se confirmada pelo Legislativo municipal, agora, hostil, Eduardo Hagge poderá ficar inelegível por oito longos anos.
A governabilidade de Itapetinga está em frangalhos, e as finanças, à beira do abismo. O prefeito, alertado por dentro, parece não dar ouvidos. Resta saber se ele acordará a tempo ou se será mais um a aprender da pior maneira que o Tribunal de Contas não é lugar para amadores. A bola, agora, está com ele. Mas o tempo, esse, está se esgotando. Afinal, fim de ano tá ali.
É empreguismo e traições, é vida que segue...
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