Quando a base aliada vira oposição, até o estetoscópio ouve o som do impeachment se aproximando.
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| Os batimentos do impeachment é sentido na gestão Eduardo Hagge (MDB), sob pressão alta dos ex-aliados. |
Entre demissões, deserções e pesquisas nada animadoras, o prefeito de Itapetinga parece trocar a semi-intensiva pela UTI política, com vereadores já afinando os instrumentos para a eutanásia institucional chamada “impeachment”.
Se houvesse um diagnóstico clínico da saúde política do prefeito Eduardo Hagge (MDB), o boletim médico não seria nada animador. O gestor de Itapetinga, que há pouco tempo se mantinha firme na semi-intensiva das relações com a Câmara de Vereadores, agora dá sinais claros de piora. As artérias aliadas, antes pulsantes, estão entupidas e o paciente caminha a passos largos para a UTI.
Os antigos aliados, cansados de esperar uma reanimação, já cochicham nos corredores sobre a aplicação de uma drástica “eutanásia política”: o temido impeachment.
E a crise não é pequena. Após uma sequência de demissões que atingiram diretamente apadrinhados de vereadores, inclusive do próprio partido, o MDB, Eduardo Hagge parece ter rasgado a receita da boa convivência. O prefeito, que antes ainda recebia visitas amistosas no “hospital político”, hoje já não tem nem acompanhante.
Com a tropa de marajás na ‘rua da amargura’, Eduardo Hagge fica ainda mais exposto ao desgaste.
Na Câmara, o clima é de “bastidores em ebulição”. Vereadores falam abertamente sobre a possibilidade de abrir um processo de cassação, citando “abusos de poder” e “crimes de responsabilidade” como sintomas da doença. Um dos exemplos mais comentados seria o esquema das contratações ilegais de servidores marajás, apontadas como indicadas diretamente pelo prefeito e decretos suspeitos de usurpação.
E, claro, ninguém quer dar um “tiro no pé” sem antes medir a febre da população. Por isso, o primeiro passo do grupo anti-Eduardo é contratar um instituto de pesquisa, uma espécie de termômetro político, para aferir a temperatura da rejeição do governo. A base é uma pesquisa estadual que coloca Eduardo Hagge em terceiro lugar na corrida municipal, atrás do ex-prefeito Rodrigo Hagge (sim, o parente ‘sobrinho’) e muito distante de Cida Moura (PSD), que lidera com folga e mais de 55% das intenções de voto.
Os vereadores querem saber se o colapso nas pesquisas acompanha o enfraquecimento da administração e o racha no outrora poderoso grupo gabiraba.
Mas antes que os vereadores liguem a máquina de respiração do impeachment, há um pequeno detalhe jurídico: o Regimento Interno da Câmara de Itapetinga ainda opera no modo “manual antigo”. Ele exige 8 votos para cassar um vereador, mas a jurisprudência e o Supremo Tribunal Federal já determinaram que, para tirar do cargo tanto um vereador quanto um prefeito, é preciso 2/3 do Parlamento, ou seja, 10 votos.
Hoje, Hagge já não tem maioria. Se perder mais dois vereadores da base, os suspiros de impeachment deixarão de ser simples ameaças e se tornarão respiração ofegante de quem já sente o colarinho apertar.
No fim das contas, impeachment é julgamento político e, nesse tipo de tribunal, a Justiça pouco pode fazer. O remédio é amargo, mas, em Itapetinga, há quem diga que já estão preparando a dose.
É ameaça de impeachment, é vida que segue...

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