Com as investigações do Caso Queiroz paralisada, Ministério público do Rio coloca o Plano 'B' em ação contra os esquemas de assessoria fantasma de Flávio Bolsonaro.
O Ministério Público do Rio de Janeiro, decidiu por uma nova linha de investigação contra Flávio Bolsonaro. O alvo agora, as assessorias fantasmas quando o filho era deputado estadual |
O Ministério Público do Rio de Janeiro coloca o plano ‘B’ em ação. Com as investigações paralisadas por conta da decisão do presidente do STF, Dias Toffoli, o MP do Rio abre a temporada de caça aos assessores fantasmas do hoje, senador Flávio Bolsonaro em uma nova linha de investigação com base em uma reportagem do jornal O Globo que revelou parentes da ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro no esquema.
A nova investigação tem como foco as denúncias feitas pelo O Globo sobre os parentes de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente da republica Jair Bolsonaro, que constaram como assessores de Flávio no período em que foi deputado estadual na Alerj. A maioria deles, porém, sempre viveu em Resende, no Sul do estado do Rio. Além disso, Márcia Salgado de Oliveira, tia do atual ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Antônio Francisco de Oliveira, também tornou-se investigada.
Os familiares da ex do presidente não estavam citados no relatório do Coaf que identificou a movimentação atípica de Queiroz, mas eram alvo do procedimento criminal que apura peculato e lavagem de dinheiro e tramita no Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc). Essa investigação está suspensa por decisão do Supremo Tribunal Federal que avalia a possibilidade de compartilhamento de dados entre órgãos como o Coaf e a Receita com o Ministério Público.
Com essa investigação contra Flávio Bolsonaro, o clã vira definitivamente alvo do MP do Rio, já que caçula vereador Carlos Bolsonaro também é investigado por esquema similar no uso de assessores fantasmas e laranja para a prática da ‘rachadinha’, que consiste em parlamentares reterem parte dos salários dos assessores lotados em gabinetes.
Alvos os parentes do clã Bolsonaro
Segundo publicação do O Globo, entre os alvos do procedimento estão casos como o de Andrea Siqueira Valle , conhecida por participar de concursos de fisiculturismo, mas que constou como assessora de Flávio de 2008 até o ano passado. Além disso, ela ficou outros 10 anos lotada entre o gabinete de Jair Bolsonaro e de Carlos Bolsonaro. Na Alerj, ela chegou a ter um salário bruto de R$ 7.326,64, além de receber um auxílio educação de R$ 1.193,36. Ela vivia em Guarapari, no Espírito Santo, até maio. Mas não é vista desde então. Consta que ela nunca trabalhou um dia sequer como assessora parlamentar.
Outro caso que chamou atenção foi o do veterinário Francisco Diniz. Ele foi lotado inicialmente aos 21 anos, em fevereiro de 2003. Dois anos depois, em 2005, ele começou a cursar a faculdade de Medicina Veterinária no Centro Universitário de Barra Mansa, cidade a 140 quilômetros do Rio e próxima a Resende. O curso era integral e colegas contaram ao jornal O Globo que ele frequentou as aulas normalmente até se formar em 2008. Diniz chegou a ganhar um salário bruto de R$ 7.326,64, com direito ainda a auxílio-educação de R$ 1.052,34. Ele só foi exonerado em fevereiro de 2017 um total de 14 anos.
Tia do ministro, Márcia Salgado de Oliveira apareceu nos registros da Alerj como funcionária de Flávio de 2003 até fevereiro deste ano. Em 2014, porém, num processo que tramitou no Juizado Especial da Comarca de Mesquita, na Baixada Fluminense, quando acionou uma empresa de telefonia, Márcia apresentou uma procuração escrita de próprio punho, na qual informou que sua ocupação era “do lar”. Além disso, em 16 anos, ela jamais teve crachá emitido pela Alerj, procedimento que a Casa sempre recomendou a todos os seus funcionários.
Em Itapetinga, cidade do interior baiano, o IDenuncias revelou esquema semelhante ao do clã Bolsonaro. Na série de reportagem apontou os assessores laranjas e fantasmas na Câmara Municipal de Itapetinga. Por lá, o Ministério Público decidiu arquivar por entender que as reportagens se tratavam de site anônimo, mesmo diante de vastas provas contra os vereadores do Parlamento. A prática da ‘rachadinha’ atingiu 12 dos 15 vereadores do Legislativo Municipal. (Com O Globo)