Sob controle de Bolsonaro, TVBrasil censura trecho de prisão de jornalistas na ditadura

Sob controle de Bolsonaro, TVBrasil censura trecho de prisão de jornalistas na ditadura

TV Brasil suprimiu trecho de reportagem sobre 'Os 50 anos do PASQUIM' que relata prisão de jornalista do tabloide pelo Regime Militar.


Sob controle de Bolsonaro, TVBrasil censura trecho de prisão de jornalista na ditadura

Em mais uma tentativa de encobrir os rastros de perseguições e torturas durante o regime militar. A TV Brasil emissora estatal sob controle do governo federal, suprimiu um trecho que mencionava a prisão de jornalistas durante a ditadura militar.

Uma reportagem do programa “Fique ligado”, da TV Brasil, sobre a exposição “O Pasquim 50 anos”, em cartaz no Sesc de São Paulo. O programa foi ao ar na segunda-feira (6), e a parte cortada contava o episódio que ficou conhecido como a “Gripe do Pasquim”, quando nove jornalistas do folhetim foram presos durante dois meses. (Veja aqui)

O estopim, de acordo publicação O Globo, para a prisão foi à publicação, em 1970, de uma paródia do quadro “Independência ou morte”, de Pedro Américo. A charge reproduzia o quadro no qual Dom Pedro I era retratado dando o grito do Ipiranga, mas sua frase era “Eu quero Mocotó”, refrão do hit de Erlon Chaves, finalista do Festival Internacional da Canção naquele ano. (Veja abaixo:)

Imagem: O cartunista Jaguar publicou em “O Pasquim”, em 1970, em plena ditadura militar, uma versão iconoclasta de um dos símbolos do patriotismo, o quadro “Independência ou Morte” (1888), de Pedro Américo, mais conhecido como “O Grito do Ipiranga”. 

Como consequência, boa parte da redação do periódico acabou detida. A área da exposição no Sesc de São Paulo que leva o nome do episódio traz outros cartuns também censurados pelo regime militar.

Toda a história relativa ao caso e uma fala de um dos curadores da exposição sobre o autoritarismo da ditadura estavam na reportagem que foi enviada pela sucursal de São Paulo, mas foram excluídas na edição em Brasília. No trecho excluído, que vai de 1m05s até 1m38s, a repórter menciona que a sátira “irritou a ditadura militar”. Afirmou O Globo

“Naquela época se prendia sem muita explicação, não podia falar que eles estavam presos então houve “uma gripe” no Pasquim. Nove ficaram fora, mas, de qualquer forma, o trabalho deles aparecia feito por outros” diz Fernando Coelho dos Santos, um dos curadores da exposição, na parte que foi retirada da reportagem.”

‘O Pasquim’ nasceu no Rio de Janeiro e foi o tablóide de maior destaque durante a repressão militar. Teve grande aceitação, e vendia no auge cerca de 250 mil exemplares. Durou de 1969 a 1988 (auge de 1969 e 1973) conhecido como anos de chumbo, período de maior repressão do regime.

Após prisão dos jornalistas do Pasquim pelo Regime Militar, uma publicação protestando de como seria o tabloide sem seus idealizadores

Entre seus fundadores está Millôr Fernandes, Jaguar, Paulo de Francis e Tarso de Castro. O jornal noticiava as questões mais sérias com relação ao Brasil e ao mundo de modo bem-humorado e irreverente.

Pasquim o tabloide mas vendido durante os anos de regime militar 
O Pasquim foi um semanário alternativo brasileiro, de característica paradoxal, editado entre 26 de junho de 1969 e 11 de novembro de 1991, reconhecido pelo diálogo entre o cenário da contracultura da década de 1960 e por seu papel de oposição ao regime militar.
Com o estilo original de propor soluções, lutar por um país justo e rir da própria desgraça em forma de protesto; o jornal ainda colocava em discussão temas como divórcio, sexo, feminismo, bossa nova e cinema. Assuntos que ultrajavam os costumes da sociedade da época, rígida, já que encontravam-se em pleno auge do regime militar brasileiro.

Manifestantes protestam contra a ditadura no final dos anos 60.
O jornal partiu de uma tiragem de 20 mil exemplares no momento de sua criação. Quantidade que parecia, inclusive, excessiva para alguns dos idealizadores. Porém o semanário no tempo de auge chegou a ter uma tiragem de 250 mil exemplares, como já dito. Número este, que comprova o sucesso d’O Pasquim’ durante a parte mais dura de repressão, o início da década de 1970. (IDenuncias com O Globo)