Cientista recomenda a população a não comprar testes rápidos de Covid-19 vendidos em farmácias.
Microbiologista Natalia Pasternak em entrevista ao programa da TV Cultura Roda Viva. |
Com o pico pandemia do novo coronavírus avançando nas cidades do interior do País, deixando rastro de mortes e infectados pelo Covid-19, em meio a flexibilização da quarentena em vários municípios. O diagnóstico através dos "testes rápidos", ganha importância sobre a necessidade da realização de testagens que possa apontar um possível e potencial portador do vírus.
A alternativa para a avaliação do estado imunológico de pacientes é o teste rápido. Esse tipo de exame é feito colhendo uma amostra de sangue total, soro ou plasma do paciente por furo no dedo ou na veia, e serve para detectar se o corpo teve contato com o vírus e desenvolveu proteção contra ele (as imunoglobulinas IgM e IgG). O resultado sai, em média, em 30 minutos.
Toda essa praticidade entrou na mira dos principais epidemiologistas do Brasil, em sua maioria afirma que o teste rápido e duvidoso. A renomada microbiologista Natalia Pasternak falou em programa de TV sobre a efetividade de testes do novo coronavírus vendidos em farmácias e a falta de testes eficazes para profissionais de saúde.
Pasternak é doutora em microbiologia pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP e autora do livro 'Ciência no Cotidiano'. É fundadora e primeira presidenta do Instituto Questão de Ciência.
No Programa Roda Viva da TV Cultura, a cientista falou sobre as diferenças entre o RT-PCR, considerado o teste padrão no diagnóstico da Covid-19, e os testes sorológicos e rápidos, e avaliou os números de diagnósticos da doença no Brasil.
Sobre os testes rápidos, a pesquisadora foi categórica: "Eles não servem para nada, não comprem. Não deveria ser vendidos em farmácias, mais confunde a população do que ajuda, as pessoas não sabem interpretar os testes".
"A maioria desses testes rápidos de farmácia não é bom. Eles são ruins. Além de tudo a qualidade deles é duvidosa, a sensibilidade deles é baixa, eles podem dar muito erro de falso-positivo, como de falso-negativo", alertou. Natalia Pasternak em entrevista no Roda Viva desta segunda-feira (29).
Segunda opinião
Já a biomédica Alexandra Reis, especialista em padronização e desenvolvimento de exames moleculares em laboratório de rotina e diretora científica da Testes Moleculares, empresa de biomedicina e tecnologia, afirma que sua especificidade (capacidade do teste de identificar os casos negativos) e sensibilidade (capacidade que o mesmo teste tem de identificar os casos positivos) não são boas.
Segundo a profissional, a sua utilização para controle epidemiológico pode fazer com que a Covid-19 continue se alastrando de forma descontrolada pelo país, pois dá a percepção de falsa segurança e confunde as pessoas, criando grande risco, sobretudo nesse momento de reabertura gradual das atividades comerciais pelo País. Disse a UOL.