Ex-prefeito de Salvador lidera cenários eleitorais, mas desconfiança histórica e falta de apoio no interior baiano alimentam ceticismo sobre sua vitória.
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Ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) volta lideras nas pesquisas, mas liderança é visto com descrença até dentro seu próprio partido. |
Um levantamento do instituto Paraná Pesquisas, divulgado no fim de julho, coloca ACM Neto (União Brasil) como franco favorito ao governo da Bahia em 2026, com 53,5% das intenções de voto, à frente do governador Jerônimo Rodrigues (PT), que aparece com 28,1%. Os números, porém, são encarados com cautela por aliados e adversários. A razão? A trajetória das últimas cinco eleições estaduais, em que os petistas Jaques Wagner, Rui Costa e Jerônimo Rodrigues viraram o jogo contra candidatos carlistas mesmo quando começaram atrás nas pesquisas.
Apesar de a margem atual sugerir uma vitória de ACM Neto no primeiro turno, o eleitorado carlista ainda teme repetir o trauma de 2022. Naquele ano, o ex-prefeito chegou a aparecer com 67% das intenções de voto contra apenas 6% de Jerônimo, então um desconhecido. Mas, no embalo da máquina petista e da desidratação de apoios, Neto viu sua vantagem evaporar e quase perdeu no primeiro turno, sendo derrotado no segundo.
O avô de ACM Neto, o lendário político Antônio Carlos Magalhães (ACM), costumava dizer: “Quem vence no interior, ganha o Estado”. O problema é que o neto não herdou a base territorial do patriarca. Enquanto Jerônimo, agora governador, fortalece sua rede com prefeitos e lideranças partidárias, Neto conta com o apoio declarado de apenas 26 das 417 cidades baianas, incluindo Salvador. Um dirigente do União Brasil admite: “Sem o interior, a eleição se torna uma incógnita, mesmo com pesquisa favorável”.
O ditado popular: “gato escaldado tem medo de água fria”, define o clima entre aliados de ACM Neto. A desconfiança não é só eleitoral: dentro do próprio partido, lideranças hesitam em apostar todas as fichas no ex-prefeito, temendo uma nova virada petista. Enquanto Jerônimo usa a máquina e a capilaridade no interior, Neto enfrenta deserções e vê sua base política minguar.
ACM Neto já percebeu: Jerônimo não precisa mais da onda Lula para se eleger (Click Aqui)
Desta vez, porém, o desafio é maior. Jerônimo não é mais um desconhecido, mas um governador em exercício, com orçamento, aliados e tempo de TV. ACM Neto, por outro lado, luta para reter apoio até no União Brasil. Se as pesquisas hoje o colocam no topo, a história recente ensina que, na Bahia, números prévios podem ser ilusórios. E o medo de um novo dejà vu carlista paira no ar.
Em resumo! Liderar as pesquisas é um trunfo, mas não garante nada. Enquanto ACM Neto tenta convencer eleitores e aliados de que desta vez será diferente, Jerônimo repete a estratégia que deu certo ao PT nas últimas duas décadas: cultivar o interior e deixar a onda do adversário quebrar sozinha.
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