Delegado civil Roberto Júnior isentou Guardas civis de Itapetinga de crime de tortura, agressor principal sai ileso de acusações graves.
Delegado de Policia Civil Roberto Júnior inocenta guarda civil agressor e cumplice de farda. |
Com uma feição típica de uma autoridade mal humorada, o delegado de Policia Civil de Itapetinga, Roberto Júnior concedeu entrevista ao maior programa de audiência do pais, o Fantástico da TV Globo exibido no domingo (4), em reportagem sobre a série de agressões sofrida por um guarda municipal da cidade contra um jovem adolescente.
O surpreendente na reportagem foram às declarações do delegado de policia civil que negou a existência de tortura na ação do Guarda Municipal, mesmo as imagens comprovando a existência do crime contra o jovem Luiz Augusto dos Santos, 18 anos, onde o guarda municipal estava armado e desferindo uma série de socos e tapas no rosto do adolescente.
E mais, Roberto Júnior inocentou todos os guardas municipais que viram as cenas de agressão e não fizeram nada, para deter o valentão guarda civil. Para o delegado os cumplices da agressão são inocentes. As declarações do chefe da delegacia de Itapetinga pegou a reportagem do Fantástico de surpresa.
De acordo com Fantástico, a história começa em 12 de julho de 2022, quando Luiz discutiu na escola com um adolescente de 15 anos. Luiz Augusto e seis amigos estavam em frente à rodoviária de Itapetinga. O que aconteceu depois foi uma sequência de abusos, ofensas, humilhações. Uma parte dessa truculência foi gravada, e o vídeo acabou se tornando a principal prova contra os agressores. Os sete jovens disseram em depoimento à polícia que o pai do adolescente de 15 anos, que é guarda municipal, chegou com o filho num carro particular atirando. Nesse momento, ninguém se feriu.
O vídeo, de um minuto e meio, mostra seis jovens rendidos e Luiz Augusto encurralado no banco do ponto de ônibus por três pessoas, uma delas o pai do adolescente e guarda municipal Marcos dos Santos Silva, que estava oficialmente trabalhando naquela noite. Era o comandante do turno da guarda da cidade. Muitas vezes de arma em punho, ele aparece dá vários tapas no rosto do rapaz. Os cinco guardas municipais que chegaram na viatura presenciaram as agressões e nada fizeram. Um deles se limitou a fazer uma pergunta: “Terminou, pai?”. Diz a reportagem do Fantástico.
E toda cenas de violência e tortura, que hoje virou uma simples lesão corporal, tipo do cooperativismo policial, já antecipado pelo IDenuncias na primeira reportagem sobre o caso. A conclusão do delegado de policia civil de uma mera lesão, já era esperada após o esfriar o caso.
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Decisão do chefe de policia Civil não compartilhada pelo jurista de direito Thiago Bottino, que afirmou ao Fantástico: “Isso está absolutamente errado. O delegado de polícia deveria ter indiciado todos na medida em que todos concorreram para a prática desse crime. Um guarda municipal não pode presenciar um crime e não fazer nada. Há um sofrimento como forma de aplicar um castigo, caracteriza como tortura. Não é apenas da lesão corporal, é a pena da tortura”.
O Ministério Público além de denunciar agressão corporal onde não viu tortura, acrescentou três crimes à denúncia: constrangimento, disparo de arma de fogo em via pública e falsidade ideológica, por Marcos Silva ter mentido dizendo que os jovens estavam armados com paus e pedras. Sobre tortura? O MP seguiu as recomendações no inquérito do delegado Roberto Júnior, de não acusar o aguarda Marcos Silva de tortura.
Com as conclusões dos inquéritos na Policia Civil e Ministério Público fechado, o Marco Silva, o guarda valentão deve ganhar as ruas nos próximos dias, já que dificilmente a Guarda Municipal de Itapetinga ira expulsa-lo por crime de tortura e lesão corporal. Pelo cooperativismo, isso é tudo normal.
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Bem aventurado, que isso não ocorreu com um filho de um delegado e muito menos de um promotor público. Se fosse, a história seria outra. Com certeza.
Mas o que impressionou mesmo, na reportagem do Fantástico foi ausência do cavalheirismo do delegado de policia civil Roberto Júnior que sempre foi gentil com a imprensa baiana. Mas com a Rede Globo, foi hostil se mostrando um completo desconhecido e incompreensivo delegado de Policia Civil.