Licença de Luciano Almeida da presidência da Câmara para assumir cargo na Prefeitura não garante retorno a chefia do legislativo.
![]() |
| Na imagem: prefeito de Itapetinga Eduardo Hagge (MDB) e o presidente da Câmara Municipal Luciano Almeida (MDB). |
A política em Itapetinga nunca foi tão movimentada e cheia de armadilhas quanto agora. O atual presidente da Câmara Municipal, Luciano Almeida (MDB), está planejando uma manobra arriscada para se licenciar da presidência e assumir um cargo no Executivo, mas a jogada pode ser um tiro no pé. Ele pretende nesta quarta-feira, 22/10, pela manhã, se afastar da presidência por até 120 dias para ajudar o prefeito Eduardo Hagge (MDB), alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura uma suposta trama para cassar um vereador de oposição com apoio de uma carta enviada ao governador da Bahia, pedindo intervenção na Justiça Eleitoral.
O problema? O Regimento Interno da Câmara Municipal de Itapetinga não dá margem para essa manobra. A legislação não prevê que o presidente da Câmara, ao se licenciar, possa retornar ao cargo de chefe do legislativo após um afastamento de 120 dias. Pelo contrário: o que o regimento diz é que, se Luciano se afastar para assumir uma função no Executivo, ele poderá retornar apenas como vereador, e não mais como presidente da Câmara.
Esse movimento de Luciano é uma verdadeira cartada política e, sem dúvida, uma jogada desesperada. Ao se afastar, ele abriria espaço para que o 1º suplente de vereador, Pastor Evandro (MDB), assumisse a cadeira de vereador. Com isso, o MDB, partido do prefeito Eduardo Hagge, garantiria duas vagas de aliados do prefeito na CPI que investiga o próprio prefeito, pois o suplente Evandro e a vereadora Manu Brandão (MDB) ocupariam as vagas, blindando Eduardo Hagge e dificultando qualquer investigação que pudesse comprometê-lo.
Neto Ferraz herdará uma Câmara sem dinheiro e uma crise deixada por Luciano Almeida e pelo prefeito
Mas por trás dessa manobra de Luciano Almeida, está a tentativa de proteger Eduardo Hagge, que é alvo de uma investigação. A CPI foi instaurada para apurar uma denúncia grave: o prefeito teria tentado articular a cassação de um vereador de oposição através de uma carta enviada ao governador da Bahia Jerônimo Rodrigues (PT), solicitando intervenção na Superior Corte Eleitoral (TSE). Isso coloca o prefeito na linha de frente de uma crise política, e a CPI seria um terreno fértil para a oposição e vereadores do mesmo partido do prefeito, hoje, desafetos, explorar essa acusação.
A estratégia do MDB é clara: blindar a investigação e manter o controle sobre a Câmara, ocupando todas as posições-chave dentro da CPI. Com o afastamento de Luciano e a entrada de Pastor Evandro, o jogo político se inclina a favor do prefeito. Não por acaso, a vereadora Manu Brandão, também do MDB, faria parte da comissão, dificultando as chances de um relatório contra Eduardo Hagge. Assim, nomes como Tarugão, Valquirão, Peto e Telê, conhecidos por sua independência ao prefeito, seriam impedidos de ocupar a segunda vaga na CPI e, consequentemente, de aprofundar as investigações.
O ‘Presentão’ de R$ 500 mil: a estranha renúncia de Luciano Almeida e a limpa nos cofres da Câmara de Itapetinga
Porém, essa jogada tem seus riscos. O Regimento Interno da Câmara não dá brecha para que o presidente Luciano Almeida retorne automaticamente ao cargo após o fim de sua licença para assumir um cargo no Executivo. O regimento trata o licenciamento de forma muito clara: ele pode retornar ao cargo de vereador, mas não de presidente da Câmara. Ou seja, a manobra de Luciano Almeida pode estar fadada ao fracasso, já que a Câmara pode não aceitar seu retorno à presidência após o período de afastamento.
Esse risco levanta uma questão importante: qual será o custo político dessa jogada? A manobra, se não for bem-sucedida, pode desacreditar ainda mais Luciano Almeida e gerar um desgaste enorme para o prefeito Eduardo Hagge, além de colocar em xeque a legalidade do afastamento e a condução das investigações da CPI.
O que está em jogo aqui vai muito além de um simples afastamento de cargo. Luciano Almeida, ao tentar blindar o prefeito da CPI, está se arriscando em uma cartada que pode envolver a Câmara Municipal e os vereadores em um embate jurídico-político. Se sua licença não for aceita no plenário da Casa, ou, se a CPI seguir seu curso natural, a pressão sobre o prefeito será inevitável.
O presidente da Câmara que preferiu ser copeiro do prefeito de Itapetinga
Enquanto isso, bastidor da política observa e começa a se questionar: vale a pena essa jogada desesperada para proteger um prefeito em meio a uma crise de confiança? A política local nunca foi tão tensa e, com essa estratégia arriscada de Luciano Almeida, o tabuleiro político de Itapetinga parece estar prestes a virar de vez. A jogada pode sair pela culatra, e os envolvidos terão que lidar com as consequências políticas de suas ações.
Em tempos de crise, as cartas que são jogadas podem ser fatais para quem não joga com cuidado.

Social Plugin